quarta-feira, 3 de novembro de 2021

Foto da Igreja antiga de Santa Luzia

 


                





 

Esta foto foi tirada com Igreja Matriz de Santa Luzia -PB antes de ser demolida e reconstruída.

Fonte: arquivo de Rosivaldo

Rosivaldo Dantas de Araújo. Dois séculos e meio de fé e devoção dos paroquianos do município de Santa Luzia, Estado da Paraíba-2008.

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi o de estudar o meio de fé e devoção dos paroquianos do município de Santa Luzia, Estado da Paraíba. O interesse em abordar o tema prendeu-se ao fato de compreender os fatos remanescentes da religiosidade, bem como dar conhecimento as novas gerações da gênese do catolicismo em Santa Luzia. Pesquisa bibliográfica e documental aos trabalhos dos que já escreveram sobre esse aspecto que conduz à cultura de uma terra que se caracteriza como religiosa. Leis, livros e documentos paroquiais. Com o intuito de se expandir e povoar o interior da Paraíba, o Capitão Português Geraldo Ferreira das Neves comprou terras nesta região e em mil oitocentos e cinqüenta e seis fez a doação de um terreno onde foi construída uma Capela que posteriormente passou a ser consolidada como Paróquia por força da lei Provincial número quatorze. De uma pequena fazenda em vila e depois em cidade por força da citada Lei, a Paróquia teve um número considerável de Padres, inclusive filhos da terra, que criaram muitas irmandades e contribuíram para o desenvolvimento do município através, de seus ensinamentos. Foi escolhido como padroeira uma Santa com o nome de “Santa Luzia”, que até hoje se perpetuou reconhecida pelos fiéis do mundo todo.

Palavras-chave: Fé, Religião, Paróquia.

1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho objetivou analizar a gênese da Igreja Católica no município de Santa Luzia, Estado da Paraíba. A metodologia utilizada foi bibliográfico e documental com base na análise de documentos primários e secundários, existentes como Leis, livros e documentos paroquiais da Diocese de Patos, cartas pessoais, e noticiários em jornais que ocorreu na época que foram registrados de várias formas a respeito do assunto em tela.

Também obtivemos dados através de pesquisa bibliográfica de autores que já se debruçaram e produziram textos concernentes a esta abordagem, segundo o âmbito da antropologia, com ênfase ao aspecto sócio-cultural e político, que foram influenciados pela religião Católica, especificamente, neste cenário de observação.

É incontestável a importância do catolicismo no envolvimento Sócio-cultural e político de uma cidade. A fé é uma adesão pessoal do homem a uma crença que inclui uma adesão da revelação que Deus fez de si mesmo por suas ações e palavras. Por conseguinte crê é um ato humano, consciente e livre que corresponde à dignidade da pessoa humana.

O município de Santa Luzia localizado na Mesorregião da Borborema e na Microrregião do Seridó Ocidental Paraibano, possuindo uma área de 447 km², tendo como sua religião predominante o catolicismo com um número expressivo de católicos, segundo o censo do IBGE de 2000, alcançando um índice percentual de 89% da população local.

O inicio do catolicismo se mistura à história sócio-cultural e política da cidade, que teve inicio com a doação de um terreno para construção de uma capela e posteriormente, sua matriz. O doador do terreno tinha devoção por Santa Luzia, hoje Padroeira da cidade, batizou a capela com o nome desta Santa, há pelo menos dois séculos e meio de existência.

Todos os padres que por aqui passaram, como também muitos paroquianos que direta ou indiretamente ajudaram no crescimento da Igreja, Padre Ibiapina na cidade de Santa Luzia, contribuíram muito com a igreja Católica e, no desenvolvimento desta cidade. Destacou-se como exemplo, a construção do açude da caridade, conhecida obra do Padre Ibiapina no Município, dentre outras.

As mais diversas promessas através de súplicas numa manifestação de fé espontânea e sincera a “Virgem dos Olhos”, cognominada assim por muitos devotos. É nessa amplitude que buscam no seio da comunidade os meios de preservação da vida religiosa de Santa Luzia.

As missões populares daquela época até os dias de hoje, a criação das irmandades, doações e chegada de imagens, como eram realizados os batizados na época dos primeiros padres, construção da matriz, relatou-se as festa da paróquia, calendário litúrgico anual da igreja, fazendo-se um levantamento sobre a passagem de simples capela para paróquia.

Assim, com base no passado restrito ao período de dois séculos e meio, raízes religiosas, documentário que vive na mente de muitos filhos desta terra, informações estas que devem ser compartilhada, para que a história da Igreja não venha a desaparecer e mostrar para as gerações futuras, os acontecimentos do passado na história da fé dos filhos de Santa Luzia, como também, Padres que

passaram e enriqueceram ainda mais o catolicismo da cidade, aumentando assim, a fé, e o ato de crê. Pois o homem sem passado é um homem sem história.

Têm-se assim, a Igreja Católica como patrimônio histórico de um município que fez sua própria história recebida dos antepassados que unidos deixaram para as futuras gerações o legado dos seus esforços tendo como exigência o cumprimento dos princípios de obediência à Igreja Católica.

2. HISTORICIDADE ANTROPOLÓLICA DA RELIGIOSIDADE

2.1. A prática da religiosidade

O debate sobre a prática da religiosidade popular vem se intensificando na contemporaneidade, seja para glorificá-la, ressaltando o seu caráter libertador, seja para exorcizá-la como pouco ortodoxa, do ponto de vista teológico, ou alienada sob outros prismas.

Algumas correntes apresentam este conceito de forma retificada, isto é, tratam as formas populares de religiosidade como se fossem independentes das relações sociais nas quais se inserem. É o caso de artigos e de obras de alguns folcloristas que, preocupados com a preservação descritiva de nossas tradições culturais, revelam-se, na maior parte das vezes, desenraizados historicamente.

Entende-se que algumas categorias básicas como o sagrado e o profano, o oficial e o popular, só poderão ser compreendidas dentro de um contexto de relações da religião com a sociedade. Benedetti (1984), aduz com grande propriedade que:

Estas reflexões sobre as relações dos homens com o divino desdobraram-se necessariamente sobre questões ligadas à conceituação e à interpretação da cultura popular, na medida em que a experiência do sagrado é apropriada de maneiras diversas pelos grupos ou por indivíduos, caracterizando uma pluralidade de usos e de entendimentos.

Revisitando o conceito historiográfico de cultura popular, Roger Chartier (1994) afirma que não é possível aceitar, sem algumas restrições, a periodização clássica que vê na primeira metade do século XVIII um momento de corte, de contraste muito forte entre uma idade de ouro, quando a cultura popular teria sido livre, profusa, e uma época regida pela disciplina eclesial estatal, na qual ela teria sido reprimida e subjugada.

Este esquema pareceu pertinente ao se tratar de dar conta da trajetória cultural da Europa ocidental após 1600 ou 1650, época em que as ações conjugadas dos Estados absolutistas (centralizadores e unificadores das Igrejas com as reformas protestante e católica, repressivas e aculturantes) teriam abafado ou recalcado a exuberância inventiva de uma antiga cultura do povo, ainda segundo Roger Chartier.(op.cit)

Observa esse autor que a chave teórica que perpassou pelos trabalhos de alguns investigadores, preocupados com os movimentos desenraizadores da cultura popular tradicional, como Jacques Le Goff e Robert Muchembled, entre outros. Le Goff (1967) após estudo “conclui pela desqualificação da cultura popular ou pelo seu desaparecimento”.

Ainda há outra afirmação com a mesma linha de pensamento:

Em 1500, a cultura popular era a cultura de todo o mundo; uma segunda cultura para os instruídos e a única para os demais. Por volta de 1800, contudo, em muitas partes da Europa, o clero, a nobreza, os comerciantes, os homens de ofício e suas mulheres - haviam abandonado a cultura popular, da qual estavam agora separados, como nunca antes, por profundas diferenças de visão de mundo. (BURKE, 1989:208).

Essa destinação histórica de que se revestiu a cultura popular se deslocou, muitas vezes, para as análises da religiosidade popular católica brasileira de herança colonial, considerada como destruída e/ou desqualificada pelo catolicismo. Os trabalhos em que as clivagens religião popular e religião erudita se faziam de forma dicotômica, ordenando o campo religioso, dividindo dominantes e dominados em toda a sua extensão e que, de forma implícita, remetiam essa religiosidade para as periferias e para as camadas subalternas, reproduzem essa óptica de desagregação (FERNANDES, 1994).

Durante o Brasil Colonial, procissões e demais cerimônias religiosas – como as bandas e os ranchos com seus instrumentos populares – ocupavam um lugar central. Ordens Régias, Editais das Câmaras e até mesmo os Documentos Eclesiásticos convocavam a musicalidade para abrilhantar e criar a atmosfera sonora das missas, procissões, romarias e festas de padroeiros.

O romancista Manuel Antonio de Almeida, descrevendo o Rio de Janeiro na metade do século XIX, aponta os cortejos e as folias de rua, durante as festas religiosas e procissões. Ressalta que a folia popular e os seus foliões, com

seus ranchos de pastores, ao som dos pandeiros, machete e tamboril, cantavam versos que agradavam ao santo e atraíam os moradores para o cortejo.

No desejo de esvaziamento popular e de ortodoxia religiosa, as hierarquias clericais voltaram-se para os poderes públicos municipais e judiciários em busca de ratificação para esta imposição de valores culturais. A ancoragem policial e as Posturas Municipais, estabelecendo os seus padrões de decoro e de moralidade, configuraram-se em pilares dessa campanha de vigilância e de erradicação dos elementos populares da religiosidade, sobretudo dos homens pobres.

Na análise de Espin (2002), o catolicismo foi trazido por portugueses pobres e começou a penetrar no Brasil a partir da colonização. É comumente chamado de catolicismo tradicional popular. O modelo da colonização do Brasil, percebe-se que, o catolicismo popular, pode ter tido grande influência de religiosos europeus mal formados que eram mandados para cá e para catequizarem criavam meios um tanto diferentes do catolicismo europeu da época.

A construção de templos é a maneira humana de consagrar os espaços, mas também cria uma diferenciação entre o espaço sagrado e o espaço que o cerca. Mas o homem religioso tem necessidade de se locomover por um espaço sagrado, não limitado por paredes. O ritual pelo qual o homem constrói o espaço sagrado tem como objetivo construir um lugar ordenado o cosmos, onde se possa habitar em oposição ao espaço não-consagrado, o Caos.

O fenômeno religioso da construção de templos é também uma imitação do divino que ordenou o Caos, sendo, então, uma revisitação a Cosmogonia¹. Esta é a hierofania primordial, que consagra o espaço e o diferencia do espaço profano. A geografia mítica leva em conta espaços fixos, centros ou “pontos fixos”, organizadas e geométricos para a construção dos templos. Esses espaços com centros, sagrados se opõem ao desordenado espaço profano. (ROSENDHAHL, 1996).

________________

(¹) Cosmogonia segundo a Encyclopedia Britânica

é a teoria da formação do universo, atribuído a

seres superiores

3. CENÁRIO RELIGIOSO DO MUNICÍPIO DE SANTA LUZIA

3.1 Breve histórico

Conforme Azevedo (1984), o Municipio de Santa Luzia- localizado na Mesorregião da Borborema e na Microrregião do Seridó Ocidental Paraibano, possui uma área de 447 km², tendo como sua religião predominante o catolicismo. Assim revela o livro tombo pertencente a Igreja Católica de Santa Luzia, Diocese de Patos, Estado da Paraíba.

O livro do MEDEIROS (2002) e do ARAÚJO (1996), trazem dados a respeito da Gênese do catolicismo deste município, os quais afirmam que foi doado um terreno para a construção de uma capela pelo Capitão Português Geraldo Ferreira das Neves, no dia 10 de fevereiro do ano de 1756 e como o mesmo era devoto de Santa Luzia foi batizada a Capela tendo como nome “Capela de Santa Luzia”.

Através da Lei nº 14 de 06 de outubro de 1857, sancionado pelo Presidente da Província da Paraíba, o Dr. Manoel Clementino Carneiro da Cunha de a partir desta data tem o inicio da vida paroquial em nossa terra. Ilustramos, em anexo os vigários que se oficializaram em Santa Luzia desde a época que era Capela até Matriz.

Registra-se que Manuel Tertuliano de Figueiredo, filho de Santa Luzia dá início a construção da Igreja Matriz. O Pe. Jovino da Costa Machado grande missionário da época muito contribuiu para a divulgações das informações e vida da comunidade santa-luziense, sendo um dos párocos que permaneceram por mais tempo paróquia. Registra-se ainda que o Pe. Joaquim Alves Machado foi vigário por duas vezes e o Pe. Cônego José Viana, promoveu a primeira festa social (profana) de Santa Luzia, o Pe.Viana residia na cidade de Patos, como vigário da Matriz de Nossa Senhora Dáguia e vinha aos domingos e na primeira sexta feira, José Borges de Carvalho substituiu interinamente o Pe. Pe. Belizário Dantas. ¹

_____________

(²) Fonte: Medeiros e 1º e 2º Livro Tombo da Igreja Católica de Santa Luzia.

Ainda segundo Medeiros (op.cit 2002), o Padre Milton de Alencar quando chegou a Santa Luzia preocupou-se com a Educação da juventude, e com a ajuda de outros fundou a Escola Profissional Leandro Medeiros,(³) como homenagem de gratidão pelas verbas arranjadas por Dr. Jader da Silva Medeiros, Deputado Estadual. Construiu dois prédios sendo que posteriormente o SENAI, encontrou resistência para reforma a igreja. E através de muitas reuniões e sugestões diziam em uma reunião que se ele queria desmanchar a igreja era melhor construir outra, mas ele disse não, então os participantes não acompanharam mais as suas reuniões.

O Pe.Milton achava a igreja de estrutura física baixa, acanhada ele ia aumentar, nas paredes laterais, tirou o forro que era muito bonito e estava em perfeito estado e nos meios das torres colocar os sinos em uma e na outra colocar um relógio. Continuou com o seu projeto, reformou a Igreja Matriz e retirou o cruzeiro que tinha em frente a Igreja e colocou no Pico do Yayu. A sacristia fora reformada pelo senhor José Arcanjo e seus filhos Orlando e Manoel Arcanjo, isso aconteceu mais ou menos entre o ano de 1951 a 1952, foi a reforma mais polêmica que teve em Santa Luzia.

Os registros indicaram forte impacto causado desde o século XIX pelos representantes da Igreja Católica nesta cidade. Em março de 1862 o grande missionário Pe. José Maria Ibiapina, advogado por natureza e Sacerdote por vocação, partiu na sua grande caminhada visando o cariri no Ceará. Antes foi a Taperoá e daí por caminhos de difícil travessia como as ladeiras da Pedra Dágua e da viração chega em Santa Luzia do Sabugi, ao chegar se apeia no patamar da Igreja, arregaça as mangas e passa a trabalhar, constrói açudes, cemitérios e casas de caridade para abrigar órfãs e desamparados. Entre março e agosto de 1862, cria em Santa luzia uma casa de Caridade para meninas órfãs que seria mantido pela população e com os dízimos de miunças cedidos pelo município além de outros benefícios. E para o serviço dessa Casa tinha um homem, o beato. A casa de caridade de Santa Luzia, foi instalada em duas casas que já existiam e que foram doadas por Manoel Maximiliano da Nóbrega. Daqui seguiu para Angicos - RN e entre 19 e 26 de agosto deixa em andamento a construção de um açude e um cemitério, o Pe. Ibiapina faleceu em 19 de fevereiro de 1883 aos 77 anos.

______________

(³) Essa ação educacional, bem como as missões foram

dos modelos dos Jesuítas que detiveram o monopólio do setor

Educacional no Brasil por mais de dois séculos. (1549/1759)

E mais,

Até 1936 existiam na Paróquia de Santa Luzia 07 Capelas, São Mamede – titular de Nossa Senhora da Conceição Fundada em 1909; Várzea – São Francisco, fundada em 1912; São José do Sabugi – São José, fundada em 1930; Ridinha – Nossa Senhora da conceição; picote-Santo Antônio, fundada em 1932; Capela de canoas na Serra – São Francisco, fundada em 1935; Serra Branca – Santa Anna. (1º e 2º Livro tombo da Igreja de Santa Luzia).

Da mesma forma, com respeito ao desenvolvimento dos grupos e irmandades, que em muito favoreceram o desenvolvimento, inclusive, cultural e intelectual deste povo religioso.

Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, fundada em 07/10/1835 pelo Pe. Jovino da Costa Machado, é organizada por uma diretoria denominada de Reizado, com seu Rei eleito e todos os demais membros: rainha, juiz, juíza e juiz perpétuo, sua festa até hoje comemora no mês de Outubro. Irmandade da Pia união das filhas de Maria existiu na paróquia de Santa Luzia, fundada pelo Pe. Manoel Firmino em 1949/1950 esta irmandade existiu até 1951, “criada pela Lei Provincial nº 414”. Irmandade do Santíssimo Sacramento fundada pelo Pe. Jovino da Costa Machado, existe até hoje, cria da pela Lei Provincial n° 413. Irmandade de São Vicente de Paula fundada pelo Pe. José Borges em meados de 1934, este padre era um devoto de São Vicente, então comprou uma imagem e benzeu com solenidade e foi formada a diretoria, a mesma não pertence mais. Postolado da oração foi fundado nesta Paróquia em 15 de agosto de 1889 pelo Pe. Jovino da Costa Machado, apesar de seus autos e baixo continua existindo até hoje. Ordem Franciscana Secular, fundada pelo Pe. Borges de Carvalho em 07 de julho de 1937 sendo agregada a ordem de Esperança, pois a mesma tinha apenas 2 membros. A legião de Maria, foi fundada em 16 de novembro de 1986. Pastoral do Batismo fundado em 17/04/1988, Pe. João Saturnino Pastoral do Dizimo fundado no ano de 1993 na administração do Pe.João Saturnino. Renovação Carismática Católica, fundada em 31/08/1997, administração Pe.João Saturnino.Pastoral da juventude, fundado em 05/05/2004, motivada pelo Pe. José Maia. A Pastoral Carcerária, fundada em 1997. Movimento Jesus misericordioso teve inicio em 27/04/2003 com autorização do Pe.João Saturnino. Movimento das Equipes de nossa Senhora surgiu em Santa Luzia em agosto de 1995” (Livro tombo da Igreja de Santa Luzia).

Além de todos os nomes já citados como pessoas vinculadas à Igreja, filhos de Santa Luzia, por todos nesta cidade, ainda podemos destacar alguns que deram a Igreja, como por exemplo: Teresa Medeiros, Maria das Dores Medeiros Lima, conhecida popularmente por Dona Dorinha; Joanita Fernandes; Osmando Alviano da Nóbrega; Agenide Nóbrega; Noaldo Machado; Dagmar Nóbrega; Toinho de Araci; Orlando Arcanjo; Dorgival Alviano; Maria Lucena; Sônia de Gordão, e muitos outros.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A doação de um terreno para construção da Capela de Santa Luzia pelo Português Geraldo Ferreira Neves foi a gênese do catolicismo no município de Santa Luzia, Estado da Paraíba, pois através desse ato, foi fomentado na sociedade da época o desejo e a necessidade sócio-cultural da Religião nesta região.

No inicio deste trabalho fez-se apologia ao catolicismo como religião oficial do Brasil onde destacou-se que no Brasil Colônia a qual foi implantada pelos Jesuítas seguindo-se depois outras Ordens Religiosas que assumiram o serviço das paróquias, dioceses, institutos educacionais e hospitais, se consagrando sob muitos aspectos, como religião pioneira .

A literatura concernente a este aspecto ressalta que a Igreja Católica cresceu e se difundiu levando as populações de todos os Estados a retomarem práticas antigas, como a Reza do Terço, a devoção à Maria e os cultos carregados de música e emoção, tendo-se como exemplo de tal prática a Renovação Carismática que se expandiu por todas as Igrejas do Brasil atraindo católicos fervorosos e principalmente a juventude.

Em relação ao catolicismo em Santa Luzia o debate sobre os relatos em livros de escritores da terra, como Tereza Medeiros, José Jacinto_4 , bem como do Livro Tombo pertencente a igreja da referida Cidade e, autores abordaram assuntos correlatos ou temas similares que embasou e norteou toda pesquisa.

No decorrer deste trabalho constatou-se que o catolicismo ascendeu muito durante todos esses anos, da construção de uma simples capela a criação da paróquia de Santa Luzia, com um número expressivo de fies, criação de Irmandades, passagens de Padres, filhos da referida cidade, que se dedicaram e ofereceram os seus trabalhos em prol da paróquia movidos pela fé.

____________

(4) Fontes : MEDEIROS, Tereza de Jesus de .A Matriz de Santa Luzia na minha vida. Santa Luzia-PB: Outros, 2002.

Neste foco, destacou-se apenas um dos muitos exemplos, o de Dona Teresa, seus altos e baixos fizeram pelo povo de Santa Luzia ter orgulho de pertencer a sua comunidade uma mulher simples que trocou toda sua vida pela igreja, mulher de fé e devota fervorosa, bem como outros que passaram contribuindo para as Festas de padroeira, de Nossa Senhora do Rosário.

Frente á devoção dos católicos pela Santa Padroeira, no decorrer dos anos as festas religiosas e profanas se multiplicam, agregando, além dos residentes na cidade, os dos municípios vizinhos, bem como os santaluzienses residentes fora do Estado que se deslocam para homenagear a Santa e agradecer os benefícios por Ela concedida.

Ao término deste estudo que nos dispusemos realizar, não denomino de conclusão por se tratar de tema tão significativo e com um campo tão vasto, que muito há de ser estendido e mais aprofundado, por ser tratado não só restrito a Santa Luzia mas onde se registra o progresso pela defesa da fé na sociedade nacional e internacional.

Entende-se neste estudo que a visão do catolicismo é um campo de conhecimentos e significados socialmente construídos, que perpassam por uma gama de interpretações culturais, ideológicas e conflito de interesses, e pela relevância do tema merece estudos e discussões mais aprofundadas sobre o rumo que teve e continúa tendo no Brasil.

Nesta ótica, há de se sobressair que a religião católica emergiu gradualmente das lutas que o homem trava por sua própria emancipação e fé e das transformações das condições de vida que essas lutas produzem com a finalidade de coordenar a ação da Igreja Católica movida pelo amor, a fraternidade e a igualdade dos povos..

Ao oferecer neste estudo uma simples contribuição através de leitura crítica aos textos das leis que o regeram e das reformas que estão sendo levadas a cabo no Brasil e no mundo nos leva a certeza de que o catolicismo reinará por séculos adornando a alma das pessoas com os mais preciosos dons divinos, pois é preciso edificar, construir a esperança, tecendo a teia de uma sociedade que, no entender-se dos fios da vida, perde o próprio sentimento de esperança.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, M. A. de. Memórias de um sargento de Milícias. Rio de Janeiro: Edições de Ouro. s/d

ARAÚJO, José Jacinto. Santa Luzia: sua história e sua gente.João Pessoa - PB [s.ed]

AZEVEDO, J. B. (ed. al). Fundação movimento de Alfabetização – Paraíba. Livro de Município de Santa Luzia. João Pessoa: UNIGRAF, 1984.

BAROJA, J. C. Las formas complejas de la vida religiosa. Barcelona: Circulo de Lectores, 1995.

BENEDETTI, L. R. Os Santos nômades e o Deus estabelecido. São Paulo: Paulinas, 1984;

BURKE, P. A Cultura Popular na Idade Moderna. São Paulo: Cia. das Letras, 1989:207-208, 270.

CHARTIER, R. Cultura Popular – revisando um conceito historiográfico. Estudos Históricas. Rio de Janeiro, v.8, n. 16, 1995:179-192.

COMELIN, P. Mitologia grega e romana. São Paulo: Martins Fontes, 1993.

___________ Mitologia Grega e Romana: 2ªed. São Paulo; Martins Fontes, 1996:173.

Escritura de Obrigaçal, registrada no livro do Cartório João Queir4oga 1º oficio no ano de 1756.

ESPIN, O. O. A Fé do Povo: reflexões teológicas sobre o catolicismo popular. Edições Paulinas. São Paulo, 2002.

LE GOFF, J. Culture clericale et traditions folkloriques dans la civilization mérovingienne. Annales. Economie, Societé, Civilizations., v.22, 1967:780-791

.

MEDEIROS, Tereza de Jesus de .A Matriz de Santa Luzia na minha vida. Santa Luzia-PB: Outros, 2002.

ROSENDHAHL, Z. Espaço e religião: uma abordagem geográfica. 2ªed. Rio de Janeiro; UERJ, 1996.

Nenhum comentário:

Postar um comentário